La Stratégie

by Alexander Sweden

Etiqueta: Messi

A Acrópole dos aspetos decisórios

Muito se tem escrito e falado sobre a decisão com bola, denoto, no entanto, que há um erro estrutural sempre que se aborda esta questão, porquanto é tratada apenas e tão só na perspetiva do portador do esférico e sem se ter em conta as suas características e capacidades.

Passo a explicar. Compete a um jogador de futebol que tem a posse da bola decidir bem, ou seja, contribuir, da melhor forma possível, para o sucesso da equipa (leia-se, marcar golos, ganhar), no entanto, para que este desiderato seja possível de alcançar é necessário que saiba olhar para si mesmo e para os colegas passíveis de receber o passe. Por outras palavras, é necessário que o portador da bola decida tendo em conta as suas próprias virtudes e defeitos, assim como, as dos eventuais recetores. Esta realidade justifica a importância do treino, porque será através dele que cada jogador de futebol se vai conhecendo a si mesmo e vai conhecendo os respetivos colegas de equipa. Ainda por outras palavras, a decisão com bola é refém das características do portador e dos seus potenciais recetores. Se o portador da bola se encontra em boa posição para marcar golo mas existe outro colega melhor posicionado, importa, antes da decisão, que tenha noção das probabilidades de sucesso entre ser ele finalizar (e para isso cada jogador deve estar ciente das suas próprias capacidades) ou optar por passar a bola para o jogador que se encontra melhor colocado (e para isso cada jogador deve estar ciente das capacidades dos colegas).

Tenho visto pela blosgfera que a melhor decisão com bola é indiferente à capacidade do portador da bola,  e principalmente das qualidades e virtudes do eventual recetor daquela, no entanto é redutor pensar-se que a melhor decisão é sempre a mesma independentemente dos protagonistas. Em primeiro lugar a melhor decisão será aquela, entre todas as que podem ser concretizadas pelo portador da bola, a que mais aproxima a equipa do sucesso (Messi tem um maior leque de boas decisões fruto das suas capacidades técnicas e físicas que, por exemplo, João Pereira); em segundo lugar, deve-se acrescentar a este primeiro paradigma  o seguinte aspeto: a melhor decisão será aquela que melhor se adequa à capacidade dos possíveis recetores da bola. Imaginemos o exemplo de um jogador em posição de finalizar mas que tem dois colegas que estão melhor posicionados e que em termos de colocação no terreno é indiferente a qual deles passar a bola. A quem deve o portador passar? De um ponto de vista redutor é igual, desde que passe a bola a qualquer um deles. Tendo em conta o que aqui se defende o portador da bola deve optar por:

                – Passar a bola ao colega que melhor finalizará  (tendo em conta as características de cada um deles);

            – Ser o portador da bola a finalizar desde que, tendo em conta as suas características e as dos dois colegas, esta seja a decisão que maiores probabilidades apresenta de aproximar a equipa do sucesso.

Este exemplo é extensível não só às situações de finalização como em qualquer outra fase do jogo, daí que não seja raro que algumas vezes o portador da bola opte por passar a um colega em detrimento de outro. Muitas vezes, ainda que de forma inconsciente, determinados jogadores são mais procurados pelos colegas exatamente porque são estes os que melhor probabilidades de sucesso trazem à equipa, ainda que, não poucas vezes, nos pareça nonsense a opção por parte do portador da bola.

Dito isto, a melhor decisão não é aquela que teimamos em gizar em quadros demonstrativos, onde invariavelmente traçamos a melhor decisão independentemente do contexto, outrossim aquela que, tendo em conta as características do portador da bola e dos possíveis recetores da bola, oferece as maiores probabilidades de sucesso à equipa. Não é estranho, portanto, que fique chocado, sempre que observo na blogosfera que a melhor decisão, a tomar num determinado momento do jogo, seja sempre a mesma, mas que em momento algum se perca tempo a debater as capacidades do portador da bola e o potencial dos possíveis recetores desta.

What-should-I-do-with-my-life

Em resposta ao Pateta, um dos meus seguidores, que argumentava que lhe parecia irreal que um jogador conseguisse  tomar decisões em microsegundos que viessem determinar a forma como deve tocar numa bola e qual a força que lhe deve imprimir, deixo dois trechos de um artigo muito interessante (disponível na íntegra aqui).

“Publicaram recentemente, na revista científica Nature Neuroscience, uma hipótese para explicar o que acontece na mente de jogadores excepcionais, como Kaká ou Messi. Eis o que o cérebro deles faz melhor:

1 – processar com rapidez os estímulos vi­suais do ambiente, como a posição dos jogadores no campo;
2 – memorizar um grande repertório de jogadas;
3 – antecipar o movimento de outros atletas;
4 – combinar, numa fração de segundo, to­das as informações para tomar a melhor decisão”

Para aqueles que acham que o treino a doer é de segundo plano porque só dizem respeito à capacidade física (coisa que qualquer atleta tem),  e o que importa é a tomada de decisão:

“Nenhum cientista acredita que o dom para antecipar movimentos e decidir com rapidez seja apenas uma bênção da natureza. Os avanços da neurociência já mostraram que o treinamento pode mu­dar nosso cérebro. Praticar uma atividade – seja tocar piano, teclar no computador ou cobrar um pênalti – reforça as conexões ce­lulares na região cerebral que responde por aquela ação. Pode até criar novas conexões, como sugerem alguns estudos. É graças à plasticidade do cérebro que conseguimos aprender. “Bons jogadores se fazem com muito treinamento”, afirma o psicólogo Anders Ericsson, da Universidade do Es­tado da Flórida, nos Estados Unidos”.

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Os que detestam ser confrontados (porque sabem tudo) versus os atrevidos (porque apontam o dedo)

Relativamente ao recente post do Lateral Esquerdo, cumpre-me levantar algumas lebres. Quando o autor escreve: “Conheço um tipo que diz que saber ler não é saber o significado das palavras juntas numa frase. É saber interpretar o significado das palavras em conjunto”, fico satisfeito, porque presumo que o autor se esteja a referir a ele próprio. É sempre salutar conhecermo-nos a nós mesmos.

É também devido a essa iliteracia que não fico aborrecido com a distorção que o autor do referido blog faz perante aquilo que defendo neste espaço. Não é nitidamente má-fé, antes dificuldade em saber as palavras juntas numa frase.

Como uma mentira dita muitas vezes, torna-se verdade, cumpre-me rebater alguns pontos (podia rebatê-los a todos, mas alguns são tão ridículos que quem me lê atentamente automaticamente os refuta):

Em momento algum afirmei que a tomada de decisão não é o fator mais importante e diferenciador da qualidade no futebol de hoje. Aquilo que eu afirmo e reafirmo é que esta só por si não suficiente. Necessita de andar de mãos dadas com outras valias e por isso posso afirmar que não quero um jogador que só decida bem porque o futebol precisa de muito mais. Há alguns jogadores que não obstante serem fracos na capítulo da decisão, compensam esse défice com outras mais-valias e apresentam um saldo final mais positivo que muitos que só sabem decidir. Que é um bom indiciador? Sem dúvida, parece-me consensual, mas não justifica toda uma doutrina suportada apenas nesse padrão.

O autor do referido blog, quiçá confuso com tanta informação, e talvez porque não gosta de ser confrontado no plano das ideias (basta analisar a forma como responde a alguns comentários dos seus seguidores e como assobia para o ar perante outros) veio afirmar “Essa mesma escola, é a que coloca James, e Ibrahimovic no mesmo perfil de decisão de Diego Costa e Di Maria”. É falso, em momento algum coloquei estes 4 atletas no mesmo perfil da decisão, aquilo que referi é que os quatro não eram claramente conhecidos por tomarem a maioria das vezes a suposta melhor decisão. Ou seja, são normalmente associados a outras mais valias que não essa. Partir destas palavras e construir toda uma teoria que constata que os estou a colocar no mesmo perfil de decisão torna-se hilariante. Penso que seria mais oportuno assumir se prefere o Montero ao Diego Costa ou o Postiga ao mesmo Diego Costa.

Finalmente, o autor do lateral esquerdo, demonstra tanta preocupação como aquilo que eu escrevo que até já marca aqueles que me seguem e por isso vem afirmar: “E que já tem alguns seguidores que colocam Messi na mesma categoria de Hulk e Ronaldo, e como se não fosse possível ser mais atrevido, na mesma intervenção compara-os à, admirem-se, Bebé”. Não seria preferível deixar de perder tempo com isso, permitir que as pessoas se expressem sem lhes apontar uma arma à cabeça num tom arrogante como quem sabe tudo (mas que profissionalmente prova muito pouco) e tratar de preencher as lacunas da sua escola para que esta não se assemelhe tanto a um queijo suíço. Ou então, porque não criar uma daqueles vídeos onde consegue (não obstante não ver o terreno de jogo todo) afirmar a priori qual a melhor decisão?

p.s. claro que não gosta de atrevidos, prefere aqueles que não o questionam, que não o confrontam (até porque quando o fazem normalmente reage mal, não admite o erro, pois se já sabe tudo, porquê evoluir e aprender escutando outros pontos de vista). Espero sinceramente que não seja um tirano. O tirano normalmente não compreende o sentido de humor (tipo trivela foguete), leva tudo demasiado a sério e odeia que as suas ideias sejam colocadas em causa.

Os 23

A lista dos candidatos à Bola de Ouro 2014 está concluída. Vale o que vale, mas é interessante constatar que desta lista nem todos são claramente conhecidos por tomarem a maioria das vezes a suposta melhor decisão (o que é distinto da melhor decisão como verdade universal), porque não obstante a capacidade de decidir bem ser fundamental no futebol, há um conjunto de outras características que são importantes na hora de graduar um jogador. Diego Costa faz naturalmente parte da lista. Olhando o futebol por um canudo, ficaríamos chocados, analisando o futebol como um todo, tal como vem demonstrando José Mourinho ao longo da sua carreira, só nos podemos regozijar.

Cristiano Ronaldo

Gareth Bale

Karim Benzema

Toni Kroos

Sergio Ramos

James Rodriguez

Mario Gotze

Philipp Lahm

Thomas Muller

Manuel Neuer

Bastian Schweinsteiger

Arjen Robben

Lionel Messi

Andrés Iniesta

Javier Mascherano

Neymar

Diego Costa

Thibaut Courtois

Eden Hazard

Ángel Di María

Yaya Touré

Zlatan Ibrahimovic

Paul Pogba

 

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