La Stratégie

by Alexander Sweden

Etiqueta: Quaresma

Resposta ao planeta dos malucos!

Em jeito de resposta ao individuo que tentou há pouco comentar no meu blog, talvez furioso porque lhe ando a apertar os calos (são inúmeras as referências que faço a outros blogs, para o bem e para o mal), e que me injuriou (sujeito a responsabilidade penal), dou o devido esclarecimento às centenas de leitores que aqui gostam de vir.

As referências que fiz ao futebol amador, nomeadamente no que respeita à tónica dominante da decisão,  foi escrito no contexto do futebol de formação (onde Lopetegui desenvolveu grande parte da sua carreira). Claro que no futebol amador sénior há muito pontapé para a frente, pouca decisão e poucas oportunidades para desenvolver grandes competências, mas mesmo neste cenário, há muitos jovens a aparecer, alguns com formação académica, que ainda trazem demasiado romantismo para o terreno de jogo. Da teoria à prática vai uma grande distância, assim como das bibliotecas e dos vídeos segmentados à la carte ao futebol jogado. O aspeto decisório é muito importante, claro, mas isso não significa que vivamos obcecados com ele,   porque o radicalismo cega e não permite ver outros aspetos também fundamentais e que podem dar crucial contributo para as vitórias. Chamem-me resultadista, mas num mundo tão competitivo, tal como acontece no sector empresarial, os gestores têm de estar vocacionados para o resultado, e o resultado no futebol significa ganhar.  Jesus é um resultadista (como demonstrou num última clássico, antes dos elogios ao Quaresma). Mourinho é um resultadista ainda mais feroz. Dir-me-ão, no entanto, que Guardiola apresenta resultados e dá espetáculo (não obstante não ser um radical no que à decisão diz respeito). Em primeiro lugar o conceito de espetáculo é subjetivo. Quantas pessoas não acharam extremamente aborrecido o tiki-taka que implementou no Barcelona? Em segundo lugar, já repararam nas sábias escolhas que o catalão tem sabido adotar em termos de carreira e que lhe permite certos luxos, inacessíveis a quase todos os colegas de profissão? Não podemos partir da exceção e a partir daí tentar criar a regra. A exceção no contexto futebolístico, como em qualquer outro campo, só faz sentido,  perante situações excecionais. Se não estamos perante situações excecionais, é pouco inteligente querer usar nas situações mais usuais o mesmo modus operandi.

A importância de Quaresma!

Para os obcecados pela decisão Quaresma é vulgar e merecedor do banco, para os profissionais de futebol continua a ser louvado (ver a partir 4:04). Porque será tão evidente e perniciosa esta dicotomia futebol amador/profissional?

 

 

 

 

Quaresma destrói teorias

Os fanáticos da boa decisão nunca compreenderão jogadores como o Quaresma e nunca os colocariam a jogar, até porque são mais exigentes que Mourinho e Jesus. 

Primeiro, porque graduam tudo sob a lente da decisão, mas paradoxalmente não distinguem a decisão mais determinante para o sucesso da equipa de uma decisão a la João Moutinho. Segundo, porque não entendem que a decisão é orfã de parâmetros técnico-táticos e físicos ( logo não é sensato esquece-los), e que estes podem compensar uma menor capacidade na hora de decidir. Não sendo esta realidade a ideal, muitas vezes resolvem só por si os problemas que os supostos jogadores inteligentes se revelam impotentes para resolver.

O Engomadinho, o Espalha-brasas, o Que Não Vale Nada e o Puto Cheio de Tesão

Sempre que lido com um jogador pela primeira vez tenho a tendência natural em catalogá-lo ab initio. Não penso que seja um equívoco, desde que depois tenha a flexibilidade de admitir o erro de uma análise mal fundamentada e tratar de inseri-lo na classe correta.

Para ser mais explícito tratarei de explicar o que significa cada uma das categorias de jogadores. Outras existem mas não quero ser demasiado exaustivo. E há também as chamadas zonas cinzentas. Jogadores que não podem ser catalogados numa única categoria porque preenchem elementos caracterizadores de várias. Para aqueles que levam a vida demasiado a sério e pensam que os profissionais não usam expressões coloquiais receio que não apreciem o tom.

O Engomadinho – Trata-se do jogador que usa o cérebro em prol do físico e da técnica. O que decide normalmente bem, que adota invariavelmente as supostas melhores decisões. O porto de abrigo da equipa. No fundo, o Xabi Alonso que qualquer treinador gostaria de ter na sua equipa. São normalmente fáceis de identificar, normalmente têm uma personalidade mais contida, falam para o balneário de uma forma ponderada, sensata e transportam esse modus operandi para o retângulo de jogo. Primeiro pensam, e depois agem. Não tem tesão, mas não precisam, são falinhas mansas. O seu jogo de sedução no retângulo de jogo é outro. Estão num outro paradigma. No Sporting começa a surgir o Adrien Silva (após a reciclagem operada por Marco Silva), o João Mário e o William Carvalho. No Benfica nitidamente o Luisão ou o Enzo Peres. No Porto, ainda não é consensual. Este ano o elemento com estas características ainda não deitou a cabecinha de fora. Rúben Neves, quiçá, mas importa dar tempo ao tempo.

O Espalha-brasas – É o jogador que encanta as plateias, é dotado tecnicamente, sustentado por grandes índices físicos em determinados parâmetros (seja nos gestos contra natura, na velocidade, no pique, na impulsão). Pode nem sempre decidir bem (quando o faz habitualmente passa a ser um grande jogador), por vezes adota soluções supostamente estúpidas que muitas vezes dão resultado e quando assim é são jogadores imensamente úteis. Perante este tipo de jogadores, vale a pena por vezes gritar ao longo da linha “no 1 X 2 esfrangalha os gajos”. No Sporting temos o Nani (um grande jogador porque não obstante ser um espalha-brasas é inteligente com e sem bola) e o Carrillo. No Benfica temos o Sálvio. No Porto, o Quaresma e o Tello.

O Que Não Vale Nada – Tal como o nome diz não é bom em nada. Em alguns aspetos pode ser razoavelmente bom, mas depois apresenta índices miseráveis em muitos dos outros parâmetros. Até pode ter toque de bola, fixa, prende, passa, mas fica-se por ai. Ou, no caso de ser um jogador em posições defensivas, roubar umas quantas bolas ao adversário mas a maior dificuldade é depois sair a jogar e potenciar o roubo num momento ofensivo da equipa. Por uma questão de pudor e respeito, não irei invocar nomes. O que um treinador pode fazer perante um jogador destes no seu plantel? Se for novo pode trabalhá-lo, tentar que adquira outras competências, não vá o problema ter sido no processo formativo e não propriamente no jogador. Se já não for novo, analisar o seu perfil, pode ser um elo estabilizador do balneário, mas mesmo nesta hipótese importa colocar o seu nome na lista de dispensáveis na próxima abertura de mercado. Uma equipa que joga para ganhar não pode ter elementos deste cariz. Se é importante em termos de balneário, volte quando terminar a carreira.

O Puto Cheio de Tesão – Vindo das camadas formativas, normalmente está galvanizado, cheio de tesão pela bola, para demonstrar que tem valor. Muitas vezes isso pode virar-se contra si. Se for um jogador com uma grande capacidade técnica possivelmente quererá levar a bola para casa em pleno terreno de jogo. Ai entra a capacidade pedagógica do treinador. Aproveitar a tesão, mas vocacionando-a para a evolução, para o uso do cérebro antes de ser comportar com um velho porco num colégio de virgens impolutas. Se já tiver mais vocação para pensar o jogo, recordar-lhe que Roma e Pavia não se fizeram num dia. Que em cada lance não tem de descobrir a pólvora. Que jogar simples, lateralizar o jogo, é muitas vezes a suposta melhor decisão (apesar de Freitas Lobo discordar porque é um poeta e não entende o futebol). Adoraria ter acompanhado in loco o surgimento do Toni Kross nos seus primeiros tempos de profissional. Tanta aptidão num só corpo faz confusão, onde a decisão, a capacidade técnica e física decidiram agregar-se na mesma pessoa. A tesão levou-o inicialmente a ocupar terrenos mais avançados, com a maturidade recuou, porque o tipo de boas decisões que adota são mais determinantes em terrenos mais recuados. É um jogador brilhante, mas perigoso, porque parece fácil tudo aquilo que faz, mas é tão difícil. Ele não tem o cérebro de um rapaz de 24 anos, ele transporta consigo a maturidade de um homem de 80 anos.

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Boa decisão contra o resto do mundo

Este post surge na sequência da análise e de várias discussões salutares na caixa de comentários do blog Lateral Esquerdo. Partilho aqui, com os meus leitores, algumas ideias essenciais que defendo, trazendo à colação a famigerada “boa decisão”.

Antes disso, aproveito para afirmar que está a nascer uma escola, entre supostos entendidos de futebol, cujo objetivo passa por colocar o item “boa decisão” no pedestal, como se tivessem descoberto a pólvora. Trata-se uma escola errada, perigosa, perversa, e que leva a erros crassos na avaliação de um jogador, permitindo, por exemplo, que se certifique que o Postiga seja colocado no céu e o Diego Costa no inferno. Quando devia ser precisamente o contrário.

Às vezes denoto o erro de muitos comentadores do referido blog ao pretenderem encaixar tudo nas devidas prateleiras, para ficarem descansados e pensarem que percebem de futebol, quando as prateleiras estão todas ligadas entre si. E depois somos obrigados a ler barbaridades que dizem que o Postiga é bom jogador ou que o André Martins é muito melhor que o Adrien Silva. Analisando apenas uma das gavetas, até pode ser, mas na comunicabilidade com as outras, qualquer um daqueles se revela ser um jogador fraco quando comparado com a nata do futebol. Analisar um jogador apenas numa determinada perspetiva leva a um erro de avaliação. Analisar um jogador e louvá-lo apenas tendo em conta a componente “ boa decisão” é não perceber o que é o futebol. É querer transformá-lo num jogo de xadrez quando é muito mais do que isso. E depois não percebem como um determinado jogador, que supostamente devia ser fraco (de acordo com uma análise redutora) é afinal tão requisitado por grandes treinadores e resolvem o dilema assobiando para o ar na esperança que as pessoas se esqueçam que a teoria defendida tem mais buracos que um queijo suíço.

Um jogador tem de ser avaliado num conjunto de competências interligadas entre si. Diego Costa é fraco na decisão? Podemos considerar que sim, só que compensa com outros aspetos que deixa a léguas jogadores que só são bons na decisão. É muito pouco ser-se bom na decisão e esquecer tudo o resto. Eu não quero na minha equipa um jogador que só decida bem, mesmo que isso depois me traga vídeos fabulosos para expor no meu blog. Será dispensado se não evoluir em outros parâmetros.

Defendo que a boa decisão é importante, mas não se deve descurar os atributos técnicos e físicos (do executante e do companheiro), já que que são demasiado cruciais para serem esquecidos.

Sobre a relação dos aspetos técnicos versus atributos físicos, porque parece que há também uma tendência para desprezar a componente física em detrimento da técnica, quiçá porque nos dá um ar mais professoral, recordo o Ronal Koeman. Era tecnicamente evoluído no aspeto do remate, mas sem capacidade física associada a este vertente técnica nunca teria mandado tanto balázio com sucesso para dentro da baliza.

Qual a razão do Cristiano Ronaldo trabalhar tanto a vertente física? Não será apenas uma questão de vaidade. Ele sabe que para potenciar os índices técnicos  e de decisão (seus e dos colegas), estes devem estar suportados em aspetos físicos assombrosos.  Acham que o avançado português aparece tanta vez em posição favorável para marcar porque tem mais sorte do que os outros? Acham que a boa decisão sem bola que manifesta é apenas porque tem uma extraordinária capacidade intelectual de encontrar lugares vazios para receber bola? Analisem a intensidade de CR7 na busca de espaço (sem bola) e tentem imaginar a capacidade física necessária para concretizar tal desiderato.

Falava-se (falei) também na caixa de comentários do referido Blog do Ricardo Quaresma. Já alguém experimentou mandar alguma trivela foguete? Acham que o golo do Lamela é apenas técnica? Experimentem rematar de letra, num gesto técnico perfeito, e verão que a bola saí a uma velocidade ridícula se não suportada por aspetos físicos fora do normal.

Quaresma, por exemplo, que nem é dos meus jogadores preferidos, decide mal, mas compensa muitas vezes isso com outras componentes importantíssimas no jogo. E por vezes essas componentes tornam-no num jogador mais importantes que um jogador que decida quase sempre bem mas em que lhe falte tudo o resto. Conforme defendo, futebol não é xadrez. A “boa decisão” é importante, mas amputar tudo aquilo que a suporta é querer olhar para o mundo através de um canudo. Pior do que isso, é quando esses indivíduos, ainda que de forma tácita, pretendem arrogar-se que sabem mais do que os outros, mesmo perante aqueles que optam por ver todo o panorama e que analisam o futebol como um todo desde os primeiros dias da sua vida.

Quaresma provou que executar é muitas vezes mais importante que a capacidade de tomar grandes decisões.

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