Pode um “grande” avançado centro não marcar golos?
by Alexander Sweden
A resposta é um categórico NÃO.
Mesmo que o avançado aproxime a sua equipa do sucesso de forma incrível e faça com que toda a gente à sua volta se torne na pessoa mais feliz do planeta, não marcar golos significa que falha demasiado. Porquê? Porque é impossível que um avançado, face à posição que ocupa no terreno, esteja maioritariamente perante situações em que a melhor decisão é passar a bola em fez de fulminar. Se não fulmina, significa que em muitos lances não é competente porque aborda mal a bola (decisão com bola) ou porque simplesmente não está lá (decisão sem bola). Aquilo que dá ao jogo coletivo dificilmente compensa aquilo que tira à equipa em termos de jogo individual.
Mesmo que o futebol seja magia (e deve sê-lo mais no futebol de formação, que no futebol profissional), recordo o filme “The Prestige“:
“Um truque de mágica é dividido em três momentos. No primeiro momento o mágico mostra algo simples, ordinário. No segundo momento este algo simples é transformado em algo misterioso e nebuloso… No terceiro e último ato ocorre então «O Prestígio»: algo muito impressionante e realmente extraordinário acontece, algo nunca jamais visto”.
Ora, um avançado, a quem compete o ato realmente extraordinário, jamais pode ser considerado “grande” se nunca vai para além dos dois primeiros passos (não obstante estes contribuírem para o sucesso da equipa), tal como um mágico nunca pode ser um “grande” ilusionista se se recusa sempre em concluir o terceiro passo.
Conclusão: marcar golos é o critério suficiente para avaliar um avançado. Consequência: despeço os olheiros e substituo-os pelo zerozero.pt.
Se o Bock marcou 40 golos, então é melhor do que Tozé Marreco, que marcou 35. Contrato o Bock e sou campeão nacional. Até sai mais barato.
Se o Bock tiver uma crise estatística, chamemos-lhe assim, contrato um bruxo e despeço o treinador com justa causa, a saber, a causa é o treinador não estar a conseguir treinar o bock para o bock marcar golos. Com o bruxo, o bock deixa de acertar no poste. Sou bicampeão e o Bock ganha a bota de ouro.
Quem diria que a solução é substituir treinadores por bruxos. A isto chama-se evolução do futebol.
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A conclusão é da sua inteira responsabilidade. Em momento algum escrevi que marcar golos é o critério suficiente para avaliar um avançado. Aquilo que eu escrevi foi que o facto de um avançado centro contribuir para o sucesso dos colegas (e indiretamente da equipa) não é suficiente. Compreende a diferença?
Quando escreve: “Se o Bock tiver uma crise estatística, chamemos-lhe assim, contrato um bruxo e despeço o treinador com justa causa”;
Eu respondo-lhe com uma questão: “Se o Bock tiver uma crise nos aspetos decisórios coletivos, chamemos-lhe assim, contrato um bruxo e despeço o treinador com justa causa?”
Espero que não se sinta tentado a responder afirmando que as crises só existem na estatística goleadora ou que recorra a processos alquimistas como a sorte para tentar explicar o que preconiza.
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Alguém que recorre a uma tradução tão mal feita para justificar uma ideia devia abster-se de encher a internet de lixo.
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Mas se é lixo não faz sentido andar cá, sempre a ler as boas novas. Ou é masoquista (porque gosta de lixo) ou é mentiroso (adora, mas diz que não presta). Querer esclarecer-me a mim e às centenas de leitores que veem cá?
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Concordo em absoluto, mas é uma ideia que, naturalmente, não colhe muitos simpatizantes, pelos motivos que exporei!
Acrescento só uma ideia. Para mim, um avançado pode marcar muitos golos numa época e ainda assim ser fraco; ou pode ter uma época fraca, mas ser um excelente goleador. No entanto, duas ou três épocas consistentes no números de golos marcados, dizem-nos muito sobre a qualidade daquele avançado. A sorte e o azar não acontecem de forma permanente. Podemos dar algum tempo à análise estatística, mas não podemos fechar os olhos para sempre. Alguns exemplos? Cardozo e Jardel. Dois incompreendidos durante muitos anos em Portugal. “Não jogam nada”, “só sabem estar à mama”, “só fazem golos”, “aqueles golos também eu fazia…”, “o Kardec é melhor”, “precisa que a equipa jogue para ele”. Tanto disparate que eu ouvi e li…
Um trabalhador/estudante/executante deve ser avaliado pelos resultados em vez de comportamentos. A avaliação deve ser objectiva em vez de subjectiva. No caso de um avançado então até tenho dificuldade em pensar noutros critérios. No entanto, se há coisa que a cultura portuguesa odeia é a avaliação objectiva, pelos resultados e não pelos comportamentos, até porque o subjectivo abre lugar à zona cinzenta em que tudo é válido e há sempre justificação para qualquer teoria. O esforço, a boa intenção e o “se” são sempre valorizados em detrimento do que é objectivo, cuja razão é, invariavelmente, apontada à sorte ou ao azar. O que me interessa se um determinado funcionário conhece muito bem as suas funções, trabalha muitas horas e é muito esforçado, se a qualidade do trabalho é sofrível, quando tenho outro ao lado que nunca falha um prazo e tem imensa qualidade nos resultados apresentados, estando menos horas no local de trabalho e é menos esforçado? Quem é melhor: um aluno que estuda muitas horas, faz todos os trabalhos de casa, é muito esforçado, vai a todas as aulas e tem resultados medíocres ou aquele que com menos horas de estudo e menor assiduidade às aulas tem resultados fantásticos? Sei que muitos ficam incomodados com estas perguntas e comparações. É uma questão cultural. Os motivos para isso acontecer em Portugal são muitos para os apontar numa caixa de comentários…
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Excelente comentário. Trata-se efetivamente de uma questão cultural. Penso também que há muita vaidade que começa a abundar cada vez mais nos círculos dos comentários futebolísticos. Verifica-se uma tendência que passa por desvalorizar os resultados e os objetivos individuais alcançados em nome de outros valores mais difusos e intelectualmente mais pomposos; mas o futebol profissional não pactua muito com isso, porque somos obrigados a ser resultadistas e a ter um faro mais objetivo. Essas pessoas nunca compreenderão porque joga um Diego Costa ou um Sálvio, porque apesar de os todos os treinadores profissionais compreenderem, eles não estão focados no essencial. No entanto podem dar-se a esses luxos, mas quem está no meio, se entra muito por esses lirismos arrisca-se a ser despedido.
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Então e se em vez de 20 golos fizer 15 assistências e cinco golos?? O resultado colectivo não é o mesmo??? E é menos avançado que o outro que fez 40 golos?
O nr de golos deve interessar, mas sempre menos que a qualidade que ele traz à equipa. Senão é como já foi referido anteriormente, despedem-se os olheiros todos e contrata-se com base no zerozero.
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A forma como coloca a questão é que está a quantificar tudo, ao melhor estilo zerozero.
Quando questiona “se em vez de 20 golos fizer 15 assistências e cinco golos??”
Eu não consigo responder-lhe. Teria que analisar porque na prática as coisas não funcionam assim (só no zerozero) e não são assim tão categóricas; no entanto tudo indica que terá menos valor que o colega que em igual período faz 40 golos.
E porque razão na prática as coisas não funcionam assim? Porque o conceito de assistência é lato. Se me refere 15 assistências em que o colega só tem de encostar para a baliza, inclino-me a pensar que o avançado que faz 5 golos apresenta um resultado semelhante ao colega que marca 20 golos ( e que fez 0 assistências em igual período).
Mas se as referidas 15 assistências dependeram de um importante contributo e desempenho dos colegas que marcaram os golos? Inclino-me a valorizar o avançado que marca os 20 golos caso este também tenha manifestado um importante desempenho e contributo individual (porque o sucesso alcançado dependeu em grande parte do seu mérito, enquanto que o outro está sempre dependente de terceiros).
Não me interessa um avançado centro que só faça assistências e não marque golos, a não ser perante um cenário irrealista, ou seja, aquele em que produzisse muitas assistências maravilhosas para os colegas encostarem o que compensava a falta de eficácia na finalização ou as invariáveis más decisões que tomava sem bola que não lhe permitiam estar em boas situações para concretizar.
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“Ah e tal, falta um avançado à Selecção…”, “pecamos sempre na finalização”, “não há portugueses nos melhores marcadores do campeonato”, “ninguém remata à baliza!”, etc. Como nos podemos admirar de isto acontecer na prática quando na teoria há quem defenda de 5 golos + 15 assistências é igual a 20 golos? Não há nenhum país onde se desvalorize tanto o momento mais importante de um jogo de futebol, o golo. É preciso muito para lá chegar? Sim. Cada jogador tem a sua função? Sim. Mas não podemos desvalorizar aqueles que fazem a verdadeira diferença. Eu nem entendo como se discute como se deve avaliar um avançado… Pelas assistências? Pelas vezes que segurou bem a bola? Pelos espaços que abriu? Pelas tais “boas decisões”? Os próprios avançados e treinadores que dizem muitas vezes “um avançado vive de golos”? Não é tudo, mas é, sem dúvida, o mais importante. Este pessoal quer discutir exactamente o quê? O objectivo de um jogo de futebol?
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É preciso cuidado com a escola lírica; futebol não é xadrez nem poesia;
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Isso é a sua opinião (que eu respeito), para mim, em Portugal valoriza-se demasiado o marcador do golo e muito pouco os verdadeiros artistas (tirando os raros casos em que ambos são o mesmo individuo).
Sem duvida que o objectivo do futebol é o golo! E pela posição onde joga, o avançado está sempre mais perto de ter que finalizar. Mas também é verdade que o futebol é um jogo colectivo, e sem os outros 10, não há avançado nenhum que faça golos. Partindo desse principio, porquê que o gajo que empurra a bola para lá da linha de golo é mais importante ou decisivo do que aquele que lhe proporcionou a oportunidade de marcar?? Ou até o gajo que se mexeu arrastando adversários e por isso, apesar de não ter tocado na bola, tem um contributo decisivo para o golo?
Eu fui avançado a um nível distrital e lembro-me do valor que dava ao gajo(s) que me oferecia o golo! Sentia que era um privilegiado por ter quase sempre a parte mais fácil do trabalho. Desequilíbrio criado 10, 9 ou 8 adversários para trás e aquela merda enorme com 3 postes onde meter a bola! Estou a ser bastante redutor eu sei, mas a verdade é que quanto melhor o trabalho que precede o golo, mais fácil é marcá-lo.
Não que não hajam golos cujo mérito é todo do avançado, nem quero com isto dizer que não faz falta ter qualidade no momento de finalizar, mas jogadores de qualidade fazem a diferença em qualquer posição, só para nós adeptos comuns é que ter um grande avançado é mais importante que ter grandes médios ou grandes defesas…. O conjunto é a soma de todas as partes.
E mais, na minha definição de qualidade, saber diferenciar o: ‘ir para o golo’ ou o ‘oferecer a outro que está melhor colocado’ está incluído! Porque se esse avançado dos 20 golos agir da maneira como voçês retratam, com certeza irá custar à equipa uns 10 golos por achar que deve ser ele a finalizar todas as situações. Quando o avançado que faz 5 golos e 15 assistências tirou o máximo de quase todas as situações que lhe apareceram.
E dizer isto não é dizer que o Montero é melhor que o Diego Costa como é dito pelo autor, já que esta é uma comparação ridícula que ignora os maiores atributos que o brasileiro tem no drible bem como os colegas de classe mundial que o acompanham, não é pelo egoísmo do Diego que é superior.
Diego Costa, (e qualquer outro ponta de lança do mesmo perfil) tem colegas que jogam com ele de acordo com as características que ele demonstra, ou seja, a capacidade de se mostrar para a finalização com muita agressividade e intenção. Não tentam usá-lo para construir e desequilibrar a organização do adversário. Funciona para o DC porque a qualidade dos que criam é imensa.
Agora comparem-no com o Benzema. Um avançado que realmente é bom em todos os contextos, (assistir, desequilibrar e finalizar): faz sempre muito menos golos que o Diego Costa, mas torna a sua equipa muito mais goleadora e perigosa.
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Boas Alexander Sweden
Antes de discutir se um avançado centro que não marca golos é ou não um “grande” avançado centro, gostava de saber o que é um avançado centro no seu ponto de vista.
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Boas,
O jogador que normalmente joga à frente da linha da bola (no momento defensivo da equipa); que participa nos momentos ofensivos da equipa preferencialmente pela zona central do terreno e dentro do bloco defensivo adversário e o que joga mais distante da sua baliza.
Isso impede-o de buscar jogo? Não obrigatoriamente.
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