La Stratégie

by Alexander Sweden

Tiki-taka?

1Tendo em conta que a blogsfera leonina (e a capa do jornal Record) anda em polvorosa com o lance do terceiro golo do Sporting no último jogo da Champions, achei interessante partilhar convosco alguns, poucos, comentários.

Qual era uma das chaves do sucesso do tiki-taka? Seguramente o adormecimento do adversário através de constantes trocas de bolas (normalmente através de passes médios e curtos) para depois, num ápice, num gesto repentino, quebrar a monotonia e atacar o adversário, tal predador que se mantêm inamovível até despoletar o golpe fatal na vítima distraída. Neste caso, o golpe fatal foi dado por “La Culebra” (suportado por índices físicos fora do normal) e uma decisão (mental e física) bastante oportuna (nem sempre abundante neste jogador).

O lance em análise (disponível aqui) utiliza a mesma fórmula (mas é distinto jogar tiki-taka do que fazer algumas jogadas pontuais de tiki-taka, realidade esta que se observa em muitas equipas de futebol) e é digno de louvor, não só pela dificuldade de haver sucesso quando tantos elementos dão o seu contributo, como pela beleza plástica que nos proporciona.

O mais curioso, no entanto, é que no meio de tanta boa decisão, o que proporcionou a melhor delas (o passe de morte do peruano), foram os aspetos técnico-físicos do Carrillo. No contexto da boa decisão muitas vezes o aspeto catalisador, o que permite subir o degrau da excelência no aspeto decisório, é o físico e a técnica. Sem estes, a decisão muitas vezes é exercida apenas num âmbito de entretenimento do que num aspeto crucial para sucesso da equipa. A melhor decisão (a que mais contribui para o sucesso), muitas vezes está refém de um lampejo de força, de velocidade ou do drible fora do comum de algum dos seus intervenientes. Porque o futebol não é xadrez, não necessita apenas do cérebro, porque sem um físico que lhe dê corpo, as boas ideias podem não sair do plano intermédio. Dão boas oratórias, mas muitas vezes não ganham jogos.

Quando o Barcelona serve de exemplo eu desconfio

Tenho verificado, algures, no sentido de justificar alguma conceção de jogo, o recurso aos jogadores do Barcelona e ao modo como estes jogavam entre si.

Recorrer a uma as melhores equipas da história do futebol para justificar o que quer que seja, deixa-me sempre de pé atrás. Se preciso de recorrer a uma equipa tão específica, sui generis e rara no contexto futebolístico, não será que aquilo que procuro justificar só faça sentido num cenário também ele acidental e não aplicável à generalidade dos casos?

Na ciência médica, a aplicação de uma realidade extraordinária para justificar uma opção recorrente resultaria em mortes em massa. Seria o caso de começar-se a utilizar a aspirina para tratar todos os cancros só porque um paciente, sob o feito placebo, viu as células cancerígenas regredirem extraordinariamente após aquela toma. O médico negligente diria “vejam como aquele paciente ficou curado, vejam como se descobriu a cura!”.

Mesmo no âmbito das ciências humanas, como o Direito, existe a figura do homem médio (muito útil no Direito Penal). Este homem, uma ficção criada pelo julgador (juiz) na ora de decidir, é um sujeito que nem é demasiado inteligente, nem demasiado burro, nem demasiado culto, nem apreciador da Casa dos Segredos. No fundo, o nível médio tendo em conta a sociedade onde o caso a resolver judicialmente se disputa. E é com base e com referência a este homem médio, e no comportamento que em determinada situação este assumiria, e não num homem excecional ou no mais inteligente, que o juiz vai decidir determinado caso.

Partir de uma premissa excecional (como o futebol do Barcelona) para justificar uma conceção ou uma regra que depois queremos aplicar a tudo, é querer dar voz ao ditado “com papas e bolos se enganam os tolos”.

Para eu determinar se um jogador é bom, eu não recorro ao Maradona (porque me vai dar um resultado enganador e fazer parece-lo mais fraco do que realmente é), mas sim ao jogador médio daquela posição.

Desconhecer este princípio básico, retira credibilidade a quem pretende fazer doutrina. Se todo o edifício está construído num alicerce fraco e falacioso, em qualquer momento ele pode ruir. Para produzir conhecimento, eu devo conhecer as regras básicas da ciência, caso contrário deixarei de ser um “professor” e passarei a ser um merceeiro que vende banha da cobra.

Para se dar sustento a uma teoria, não é preciso recorrer ao excecional, porque sendo a amostra excecional, os resultados serão seguramente enganadores, porque existem grandes probabilidades desses resultados só fazerem sentido em situações também elas excecionais (e não na maioria dos casos como podemos querer fazer crer). Se a teoria estiver correta ela quase fala por si, e qualquer equipa média te ajudará a fundamentá-la.

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